quarta-feira, 27 de maio de 2009

A tristeza, até certo ponto, não é só saudável, é essencial.
A verdade é que eu já escrevi muitos textos como esse aqui de baixo, alguns muito mais fortes em relação as minha angústias juvenis, mas sempre acabei por não postar, alias, eu tirei esse blog do meu perfil porque fico com vergonha de tornar tão públicos esses meus ensaios.
O fato é que, curiosamente, esse famigerado depósito on line teve mais acessos ontem que em qualquer outra ocasião, o que fez com que me sentisse como se observado nu, mas não tenho do que reclamar, eu postei.
Acho que uma das coisas mais incríveis do livro Retrato de Dorian Gray é a relação do pintor Basilio com o retrato que ele faz de Dorian. Depois de dias de meticulosa devoção, ele conclui o que julgou ser o melhor trabalho de sua vida e quando questionado a respeito da razão pela qual se recusava a expô-lo, Basilio respondeu “Senti, Dorian, que me havia expressado em demasia, que nele havia postado demasiado de mim mesmo. Foi quando resolvi não permitir jamais que o retrato fosse exposto.” É evidente que esse “expressado em demasia” de Basilio se refere à sua baitolisse e à sua devoção para com Dorian, mas eu também, assim como o pintor e grande parte da população mundial, tenho um pé atrás em expor o que julgo ser demasiado de mim mesmo.
Um adendo a respeito do texto aqui de baixo. Não é que eu esteja frustado com minha falta de banda, eu estava era frustado com a falta de perspectiva, cercado de amigos talentosos que admiro e me vendo ficar pra trás, mas como disse antes, a tristeza, até certo ponto, não é só saudável, é essencial.
Em ode à fascinante versatilidade da mente humana, o próximo texto, se é que vai existir, será alegre, afinal isso aqui não é nada mais nada menos que um depósito, onde entram risos e lágrimas.
PS.: Feliz Aniversário pequena.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Diário

Hoje meu dia começou como a maioria deles, colocando a soneca do despertador pra frente umas quatro vezes, levantando de supetão, lavando a cara, tomando café e indo pra faculdade. Tive um elucidante primeiro período com a apresentação de um trabalho sobre litogravura. Poucas coisas no mundo podem me ser tão desinteressantes quanto aquelas que me forço a ouvir na faculdade todos os dias. O segundo período foi na área dos computadores, onde, em nome do bom senso, fingi estar fazendo algo de útil para meu grupo, acabei desenhando uns lances e dando umas ideias, o pessoal gostou, sou bom nisso, fingir.
Voltei pra casa, almocei com minha família, dormi, dormi, dormi e acordei quatro horas depois. É engraçado como quando se acorda cedo e se dorme bastante à tarde, parece haver dois dias distintos em um mesmo. Enfim, era quase cinco da tarde quando acordei. Apesar do caloroso convite de um amigo para beber e comer algo, acabei ficando em casa, onde ouvi musica, coisa que não fazia com calma a tempos, estou perdendo minha aptidão musical e junto com ela se vai o meu prazer em ouvir música, antes eu à respirava, hoje já me contento em ouvi-la as vezes.
Depois de algumas horas fui jogar basquete, foi bom, adoro esse esporte tão incomum aqui, depois de bater uma bola, tomei banho no Leon e fui pro show da Dingo Bells. No show estava a galera, dentre os quais alguns integrantes da banda vice-versos ( ou seja lá qual for o nome), o que me remeteu a minha brabeza/tristeza por não ter sido convidado pra ir pra Osório com a galera, mas era só coisa pra banda, até ai eu estava bem, fumamos um, bebemos uma cerveja, troquei uma idéia com um pessoal, ouvi o show, é notável como ele fica cada vez melhor, esses rapazes são bons e a música nova, a dos jornais, pareceu incrível. Ao termino do show, não sei o que deu em mim, talvez por algum comentário do Viktor, talvez pelo cansaço, talvez pela maconha, não sei pelo que, mas eu fiquei verdadeiramente triste, triste como não ficava a tempos.
Triste porque vi o show de uma banda da qual eu não faço parte, porque também não sou da banda que viaja pra Osório pra compor, porque a banda que eu tive me expulsou depois do primeiro show, porque não sou um jovem diretor talentoso acompanhado de mulheres bonitas, triste porque eu nunca subi em um palco e fui foda, porque sou a cara na multidão, sou o cabeça, um cara bacana, um cara mediócre, triste porque não tenho orgulho do que eu faço e porque não faço nada pra mudar isso, triste porque a mulher que eu quero mora alem mar, triste porque sou raso de mais, triste porque não toco bem como queria, não canto bem como queria, não escrevo bem como queria, não desenho bem como queria, mas principalmente, porque não tenho coragem e força de vontade como queria.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Vinte anos de amor

As velas do Mucuripe
Vão sair para pescar
Vou levar as minhas mágoas
Pras águas fundas do mar
Hoje à noite namorar
Sem ter medo da saudade
E sem vontade de casar

Calça nova de riscado
Paletó de linho branco
Que até o mês passado
Lá no campo ainda era flor
Sob o meu chapéu quebrado
O sorriso ingênuo e franco
De um rapaz novo e encantado
Com vinte anos de amor



Fagner.