O homem é fraco, conforma-se com tudo.
Já fazia alguns anos que Saldanha se acomodara em sua mediocridade. Tudo aconteceu gradualmente, primeiro, negado por todas as mulheres que almejava, abandou a estética e já somava mais de 100 kg do alto de seus 1 metro e 65. Depois, abdicou do sucesso financeiro. O diploma de um colégio estadual de Viamão não lhe rendeu fruto maior do que o cargo de guichê na rodoviária, o que no fim nem era um problema tão grande, pois também havia abdicado de criar uma família.
Seu salário pagava suas necessidades. Morava de aluguel em um apartamento de 1 quarto no térreo de um decrépito prédio no centro de Porto Alegre. Nas tardes de domingo, ia ao bordel Deyse Bar & Drink, nesse dia a clientela era baixa e, portanto, também os preços. Saldanha era homem e não abdicara de sexo.
Tudo o que sobrava ele gastava em comida, era um prazer fácil, imediato. Não havia nada que o levasse para um mundo melhor de forma tão simples. Era durante as refeições que ele esquecia toda a merda na sua vida. Evidentemente, Saldanha tinha suas preferências, mas o ápice do prazer, o suprassumo de seu dia, o alívio final e derradeiro ele encontrava em sua sobremesa favorita: sorvete sabor pistache.
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