quarta-feira, 18 de abril de 2012

Hoje me aconteceu algo curioso.

Fui ao Mcdonalds no desejo de comer um saboroso e fisiologicamente letal Cheddar. Fiz meu pedido e depois de um tempo aguardando, decidi que ia conversar com a atendente, uma bela gordinha negra da minha idade, queria saber se ela havia tido um bom dia.

Despretensiosamente, articulei “Oi, tudo bem?”, em resposta recebi um olhar assustado e a frase “Desculpe senhor, seu pedido já está vindo.” Surpreso, retruquei de forma amigável “Não estou reclamando, só quero conversar.”, incrédula e um pouco afoita com minha suposta reclamação ela disse “Desculpa, não estou acostumada”. O resto foi silêncio, quebrado apenas por “Ketchup, por favor.”

Fica a pergunta: até onde vai a mecanização do ser?

Que lugares são esses que criamos, nos quais a única interação social esperada é uma reclamação. De algum modo, o mundo foi longe demais e uma conversa espontânea já não é tão fácil.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Achei isso perdido no meu pc

O homem é fraco, conforma-se com tudo.

Já fazia alguns anos que Saldanha se acomodara em sua mediocridade. Tudo aconteceu gradualmente, primeiro, negado por todas as mulheres que almejava, abandou a estética e já somava mais de 100 kg do alto de seus 1 metro e 65. Depois, abdicou do sucesso financeiro. O diploma de um colégio estadual de Viamão não lhe rendeu fruto maior do que o cargo de guichê na rodoviária, o que no fim nem era um problema tão grande, pois também havia abdicado de criar uma família.

Seu salário pagava suas necessidades. Morava de aluguel em um apartamento de 1 quarto no térreo de um decrépito prédio no centro de Porto Alegre. Nas tardes de domingo, ia ao bordel Deyse Bar & Drink, nesse dia a clientela era baixa e, portanto, também os preços. Saldanha era homem e não abdicara de sexo.

Tudo o que sobrava ele gastava em comida, era um prazer fácil, imediato. Não havia nada que o levasse para um mundo melhor de forma tão simples. Era durante as refeições que ele esquecia toda a merda na sua vida. Evidentemente, Saldanha tinha suas preferências, mas o ápice do prazer, o suprassumo de seu dia, o alívio final e derradeiro ele encontrava em sua sobremesa favorita: sorvete sabor pistache.