segunda-feira, 3 de junho de 2013

LONGITUDE


A distância é ave carente de pouso.

Teço essa distância:
sinto-a como se vivesse
numa gaiola cerzida apenas por asas.

O longínquo repercute em mim com um sentimento contraditório:
não irei morrer porque a vida, naturalmente, termina,
mas porque ela anseia por durar mais.

Tenho, como o pássaro, o coração inquieto:
não posso senão acercar-me do ninho
e pensar que a vida é apenas um pouso, uma pluma, um fragmento de agoras, uma mera   
                                                                                                                                 [farpa.
Um consolo me arrebata:
o de que um pássaro inesperado,
com seu canto sem data,
recomponha as lonjuras.

E o baraço do tempo. 


 Volnyr Santos

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