segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Acordou febril no meio da madrugada, pesadelos, dores no corpo, saudade. Será que ficaria sozinho para sempre? Será que tudo tinha sido um grande erro? Não sabia, na verdade, pouco sabia naquele momento além do óbvio; estava péssimo.
Ansiava pela manhã e pelo sol, nada era pior que aquela espera, o nada, o ócio, o tempo. Isto o fazia pensar e pensar era ruim. O desconforto já era velho conhecido, uma incompletude por completo. Durante o dia, ainda era possível se enganar, concentrando-se em outros devaneios bastante vãos, mas à noite não, esta era implacável e, no escuro do seu quarto, chorava.
Ele aprendera o jogo, podia se levantar, assistir televisão, ler seu livro, jogar computador ou qualquer outro passa-tempo, podia fazê-lo até que seu corpo não aceitasse mais a vigília e, finalmente, caísse de exaustão num sonho vívido e perturbador. A exaustão era sua amiga, ela o libertava do atormento que era pensar nela lúcido.
Ser humano é algo notável, que máquina magnífica tem em nossas cabeças, que obras realiza e que dor nos causa. A saudade é destruidora e absolutamente racional, fruto de nos mesmos, de nossas projeções, idealizações e anseios.
Pouco importa, a aurora já vem e junto dela a redenção. Agora serei de Morfeu, que tomando a forma de quem amo, castiga-me.

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