segunda-feira, 29 de junho de 2009

Sonho

Estava onde sempre fico, embaixo da última barra da geral em direção a arquibancada, eram trinta do segundo tempo, 0 a 0 e o Maxi havia sido expulso injustamente. A torcida, que havia cantado muito o tempo todo, agora se via fadigada, inquieta, imóvel, assistindo a agonia do Grêmio em campo. Era tarde de mais e tarde de mais era pior do que nunca! Talvez o Cruzeiro marcasse um gol, talvez todos nos nos calássemos e furtivamente voltássemos para casa ao som das cornetas rubras, talvez.
Então de subto, eu senti, e todo o olímpico sentiu comigo, sem sombra de duvidas: uma mudança. Sentia o vento no rosto! Surgia uma luz fraca, distante, talvez um sinalizador no outro lado do estádio, e como em resposta veio de longe uma outra nota. Bumbos, bumbos, bumbos. Ecoaram com força nas encostas desgastadas do monumental. Grandes bumbos do sul, num clangor alucinado.
Àquele som, as figuras curvadas na torcida de repente se aprumaram, eram altos e orgulhosos novamente e se levantado e pulando 50 mil gritaram em uni sonoro com uma voz poderosa, mais cristalina que qualquer um já ouvira uma multidão produzir antes.
Vamos Gremio vamos
Cantamos todos com a geral
Vamos seguir a canção
Sempre em busca do mundial
Eu sou do Gremio senhor
Cantamos todos com alegria
Mesmo não sendo campeão
O sentimento não se termina
É tricolor e dalhe tricolo
Não era mais um canto de apoio, não era mais um canto de guerra, era na verdade, nada mais nada menos que uma declaração de amor, de amor pelo Grêmio e por tudo que ele nos faz sentir, era um canto de 50 mil pessoas tão diferentes que durante 90 min são tão iguais. Se ouvia todas as partes do estadio cantando com coração e já não cantávamos pra os jogadores, cantávamos uns para os outros, afinal, somos nós que verdadeiramente somos o Grêmio.
Eram trinta e cinco minutos do segundo tempo quando, embalado por dezenas de milhares de vozes e milões de corações, o Léo abandona a zaga e corre veloz por toda a lateral do campo, entra na área e, sem muito ângulo, explode um chute na quina da trave, a bola sobe e vai cair no bico da grande área, mas antes que ela alcance o chão, Tcheco a encontra e em um chute magistral, tal qual somente quem joga pela honra de uma massa é capaz de chutar e abre o placar.

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